(Português do Brasil) Empresa atribui avanços a investimentos em pesquisa e desenvolvimento para monitoramento genético, controle de pragas e biotecnologia

Eldtech – Centro de Tecnologia Florestal tem como função impulsionar pesquisas científicas e o desenvolvimento da biotecnologia.
O setor de árvores plantadas do país vem investindo em tecnologias e inovação para suprir a crescente demanda por madeira no mundo. Dados da WWF (World Wide Fund for Nature) projetam que a procura global pelo produto triplique até 2050, de 3,4 bilhões m³ (metros cúbicos) em 2010 para 11,3 bilhões até os próximos 25 anos. O salto desafia as empresas a intensificarem os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para elevar a eficiência e preservar os recursos naturais.
Nessa corrida por produtividade e sustentabilidade, dados da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) mostram que as empresas associadas investiram R$ 122 milhões em PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) em 2023. No setor de celulose, entre os resultados desses aportes, estão a produção recorde de 25,5 milhões de toneladas em 2024 e as exportações no patamar de US$ 10,6 bilhões –uma alta anual de 33,2%. Os dados estão no Mosaico Ibá, divulgado em março deste ano.
Considerada uma das maiores empresas de celulose no país, a Eldorado Brasil, por exemplo, investe em tecnologias florestais que já resultam em uma produtividade anual de 41 m³/ha (metros cúbicos por hectare). O desempenho, registrado em 2024, é quase 22% superior à média nacional mais recente divulgada pela Ibá, de 33,7 m³/ha/ano, relativos a 2023. “Em Mato Grosso do Sul [onde as árvores da empresa são plantadas], temos certeza de que podemos chegar a 50 m³/ha/ano, um patamar em que é possível reduzir significativamente a quantidade de terra, de máquina e de caminhão. O ganho econômico é muito grande. Por isso, a aposta em tecnologia da Eldorado é tão expressiva”, disse o diretor Florestal da Eldorado Brasil, Germano Vieira. Leia mais sobre a produtividade da Eldorado Brasil no infográfico.
Uma das iniciativas da frente tecnológica da empresa para garantir eficiência produtiva e sustentabilidade é o Eldtech – Centro de Tecnologia Florestal. Inaugurada em outubro de 2024, a nova estrutura pesquisa e desenvolve áreas estratégicas no setor, como o combate a pragas e doenças, o manejo do solo, o melhoramento genético, a biotecnologia e a tecnologia da madeira do eucalipto –matéria-prima da celulose.
Segundo o gerente-geral de Pesquisa e Tecnologia Florestal da Eldorado Brasil, Sharlles Dias, o centro foca em áreas estratégicas que deem condições de adaptação da árvore ao clima futuro, mantendo a vanguarda no processo de produção florestal e a competitividade do mercado.
“O setor é altamente verticalizado. As fábricas de celulose, praticamente, são as grandes provedoras das suas florestas. E hoje, quase 50% das áreas totais sob a gestão das empresas florestais são de conservação. O nosso desafio é suprir todo o manejo da celulose, de forma que seja o mais eficiente possível”, disse.
Para o diretor-executivo do Ipef (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais), Robinson Cannaval Júnior, o papel de destaque do Brasil no setor florestal se dá, entre outros motivos, pela cooperação entre as empresas e os institutos de pesquisas brasileiros. Na avaliação do diretor, o tripé que leva o país a se sobressair é composto por tecnologia, ciência básica, inclusão e interpretação correta dos aspectos sociais. “Hoje somos o país com a maior produtividade no mundo e menor custo de produção”, afirmou Cannaval.
EM BUSCA DA ÁRVORE PERFEITA
O ganho de produtividade da Eldorado Brasil é resultado, principalmente, da união dos programas de biotecnologia, melhoramento genético, manejo e proteção florestal. Essas iniciativas são fundamentais para garantir o desenvolvimento de mudas mais resistentes, produtivas e adaptáveis a cenários adversos.
“A indústria florestal está sujeita a todo tipo de interferência do clima, como muita ou pouca chuva, períodos mais secos etc. Então, a nossa área de tecnologia florestal, consegue projetar cenários considerando as mudanças climáticas. Isso nos permite adotar as melhores estratégias de clones e manejo para enfrentamento das possíveis condições adversas futuras, garantindo a manutenção ou aumento da produtividade”, disse.
Para isso, desde 2012, mais de 200 mil genótipos diferentes foram testados, em busca da seleção dos clones mais adequados para plantios nas áreas de atuação da empresa. É a partir dessa triagem que a Eldorado busca desenvolver a planta ideal, a chamada “árvore perfeita”.
O 1º teste clonal dessa árvore foi realizado em 2014. Desde então, já foram desenvolvidos 8 clones especiais. Com a instalação do Eldtech, a empresa segue com as pesquisas do último clone, plantado pela 1ª vez em 2022.
Esse clone mais recente, explica Dias, tem maior adaptação ao solo e clima, melhor fibra para celulose e mais resistência. Ele apresenta aumento de 9% de densidade da madeira e 11% de produtividade ante o AEC 144, clone comercial de eucalipto extensamente plantado no Brasil, conforme a Eldorado Brasil.
Para chegar a essa qualidade, foram necessários estudos nas áreas de solo, clima, melhoramento genético e biotecnologia. Além disso, os modelos específicos para determinação da densidade e características da madeira são realizados por meio de análises não destrutivas e de procedimentos que eliminam a necessidade da derrubada das árvores na execução dessas avaliações. Isso é feito a partir de equipamentos de ponta como os NIRs (Near Infrared Spectroscopy –que averiguam as propriedades físicas e químicas do material) e o penetrógrafo, instrumento que examina a resistência à penetração.
De acordo com o professor doutor em Tecnologia de Celulose e Papel pela UFV (Universidade Federal de Viçosa) Marcelo Moreira da Costa, essas melhorias no setor têm elevado a qualidade do produto entregue pelas empresas ao mercado. “O grau de melhoramento genético dos plantios está melhor e, por tudo isso, a qualidade da madeira do eucalipto é também muito boa para a área de celulose. Tudo isso ajudou o Brasil a ter um parque industrial muito atualizado. Somos um caso de benchmark”, afirmou.
O professor também explicou como a obtenção de uma madeira mais densa pode incrementar os negócios do eucalipto. “A densidade da madeira significa massa seca sob volume. Quanto mais alta ela for, melhor será o resultado da produtividade da floresta. Alta densidade significa diminuição do custo de produção e logística por tonelada. Com a densidade muito baixa, mantém-se a metragem cúbica, mas o peso será menor, o que culmina em menos produção e logística mais cara”, detalhou.
Leia sobre a “árvore perfeita” no infográfico.
MADEIRA DE ALTA PERFORMANCE
As características da “árvore perfeita” da Eldorado Brasil são decisivas para a obtenção de uma matéria-prima de alta performance, especialmente no setor de celulose e derivados. O eucalipto é amplamente utilizado não apenas na produção de papel e papelão, mas também em vários subprodutos, como papéis higiênicos, biocombustíveis, carvão vegetal, tecidos, materiais de construção, embalagens e fármacos, enumera Cannaval.
“O setor florestal está em quase tudo no nosso dia a dia, apesar de muita gente não ter conhecimento. Desde o ar que respiramos, no uso dos papéis sanitários, de imprimir e escrever e na maior parte das embalagens, na movelaria de nossas casas, no aço de nossas máquinas e veículos e na geração de energia. Tudo isso, somado aos demais usos, e por se tratar de recurso renovável e ambientalmente positivo, justifica a alta demanda de árvores plantadas para fins industriais”, disse.
A presença da celulose para a fabricação de tantos produtos impacta diretamente a exportação brasileira. Nos 3 primeiros meses de 2025, o país exportou 5,38 milhões de toneladas, aumento de 14,8% em comparação ao mesmo período do ano passado (4,6 milhões de toneladas).
AGENTES BIOLÓGICOS EM AÇÃO
Outra frente de atuação do Eldtech para garantir o alto desempenho na qualidade da madeira é o controle de agentes biológicos. A empresa espera um aumento de 65% na capacidade de multiplicação de inimigos naturais –hoje são usadas 5 espécies. Estas funcionam como um controlador natural de pragas como lagartas, percevejos bronzeados e psilídeos-de-concha –principais predadores do eucalipto.

Com o Eldtech, empresa projeta elevar a capacidade de multiplicação de inimigos naturais. Na foto, Reginaldo Estevão de Sousa, assistente de laboratório, mostra o trabalho na biofábrica de agentes biológicos
A soltura dos agentes resulta em menos dependência de defensivos químicos e na manutenção do equilíbrio populacional entre as diferentes espécies de organismos vivos. Também permite a redução de custos de até 63% em comparação ao uso de inseticidas, bem como a diminuição de até 11,4% nas perdas produtivas de madeira, explica a gerente de Pesquisa e Tecnologia Florestal, Melhoramento e Biotecnologia da Eldorado Brasil, Brigidà Valente.
Leia mais sobre o controle de agentes biológicos da empresa no infográfico.
DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE
O centro de tecnologia florestal também ajuda a empresa a driblar um dos principais desafios do setor, a sustentabilidade ambiental e produtiva. De acordo com Sharlles Dias, pensar nesses aspectos é uma questão de sobrevivência da própria fábrica de celulose.
“O Eldtech atua como um centro de inovação e tecnologia. Se eu conheço o ambiente de plantação, conheço os desafios e não deixo que as pragas se multipliquem e acabem com o ambiente, consigo produzir por muitos anos e no mesmo lugar”, afirmou o gerente-geral.
Dias destacou que o setor florestal é um dos que mais conservam áreas nativas comparado a outras culturas. As áreas certificadas no Brasil cresceram quase 56% entre 2020 e 2023, de 6,8 milhões de hectares para 10,6 milhões, de acordo com os dados compilados pelo Ibá no relatório de 2024. “Respeitamos a legislação e respeitamos as áreas de proteção natural”. A publicação deste conteúdo foi paga pela Eldorado Brasil. Conheça a divisão do Poder Conteúdo Patrocinado.
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